professora sem didatica

Às vezes nos deparamos com pessoas com grande conhecimento em determinadas áreas, mas que não conseguem transmitir o que dominam tão bem, lhes falta Didática (arte de transmitir conhecimentos; técnica de ensinar – Dicionário Oxford)

Lembro-me de um Professor de música que tocava muito bem, e tinha um excelente conhecimento teórico.

Tive aulas com ele, mas percebi algo: Ele não conseguia transmitir esse conhecimento claramente, digo “claramente”, pois penso que este é o termo verdadeiro que nos instiga: trazer “luz” a toda nossa ansiedade de aprender.

Acredito que este é o nosso entrave, despertar esse desejo nos alunos e alunas e satisfazer seus questionamentos.

E isto só conseguimos com uma boa Didática. Pois, ela é que vai mostrar possíveis caminhos e criar a ponte entre ensino e aprendizagem. E como professores (as), esta deve ser nossa maior preocupação, já que “ensinar” é o pilar de nossa profissão, e “como ensinar” é dar vida ao ensino.

Sabemos o quão trabalhoso é, ter como prioridade, construir conhecimento junto a nossos alunos e alunas, pois demanda tempo e dedicação, atitude que nem sempre percebemos em alguns profissionais da Educação.

Refletir sobre nossa prática em busca de uma Didática mais adequada e efetiva, pode ser a diferença entre estagnação ou progresso de nossos alunos.

No Projeto de Apoio Pedagógico eu fui testado ao limite nessa área. A minha busca incessante em utilizar metodologias diferenciadas me ensinou muito. E no alto da minha arrogância em achar que já sabia muito, percebi que ainda tinha muito a aprender.

Pensando nesta temática, logo abaixo vou deixar o vídeo clip do Rapper Gabriel O Pensador, sobre a escola, outro vídeo baseado no texto de Ruth Rocha e o poema de Drumond para sua reflexão. Vale muito a pena conhecer todos. Com certeza te trarão uma reflexão importante. Continuo meu post logo após eles.

A ESCOLA DOS MEUS SONHOS

Carlos Drummond de Andrade

Eu queria uma escola que cultivasse
a curiosidade de aprender
que é em vocês natural.

Eu queria uma escola que educasse
seu corpo e seus movimentos:
que possibilitasse seu crescimento
físico e sadio. Normal

Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a natureza,
o ar, a matéria, as plantas, os animais,
seu próprio corpo. Deus.

Mas que ensinasse primeiro pela
observação, pela descoberta,
pela experimentação.

E que dessas coisas lhes ensinasse
não só o conhecer, como também
a aceitar, a amar e preservar.

Eu queria uma escola que lhes
ensinasse tudo sobre a nossa história
e a nossa terra de uma maneira
viva e atraente.

Eu queria uma escola que lhes
ensinasse a usarem bem a nossa língua,
a pensarem e a se expressarem
com clareza.

Eu queria uma escola que lhes
ensinassem a pensar, a raciocinar,
a procurar soluções.

Eu queria uma escola que desde cedo
usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações… pedrinhas… só porcariinhas!… fazendo vocês aprenderem brincando…

Oh! meu Deus!

Deus que livre vocês de uma escola
em que tenham que copiar pontos.

Deus que livre vocês de decorar
sem entender, nomes, datas, fatos…

Deus que livre vocês de aceitarem
conhecimentos “prontos”,
mediocremente embalados
nos livros didáticos descartáveis.

Deus que livre vocês de ficarem
passivos, ouvindo e repetindo,
repetindo, repetindo…

Eu também queria uma escola
que ensinasse a conviver, a
coooperar,
a respeitar, a esperar, a saber viver
em comunidade, em união.

Que vocês aprendessem
a transformar e criar.

Que lhes desse múltiplos meios de
vocês expressarem cada
sentimento,
cada drama, cada emoção.

Ah! E antes que eu me esqueça:

Deus que livre vocês
de um professor incompetente.

Que escola queremos? A escola onde os alunos ficam dentro de “vidros”, como no texto de Ruth Rocha, ou queremos alunos pensantes, críticos?

No poema de Drumond, tão atual como nunca, é possível ver o reflexo da música de Gabriel Pensador, ambos como o mesmo anseio de uma escola mais atraente, com formação para a vida, que aceite opiniões e as respeite. Será que estamos nos atentando para isso?

Acredito que uma boa aula, ao invés de trazer respostas esperadas e prontas, nos traga mais inquietações e questionamentos, uma vontade de buscar soluções, e ao invés de caminhos prontos, nos incite a buscar outros caminhos“

“Quebrar o “vidro”, começa em nós primeiramente.”

Prof. Elias

Educação para a vida já nem devia ser uma preocupação, mas realidade. Neste cenário todo, nós na figura de professores, não podemos ser “incompetentes”, como diz Drumond, temos sim, de ter esta capacidade de quebrar padrões, alcançar a consciência de nossos alunos e alunas, não deixar que a ação da indiferença leve embora consigo nossos ensinamentos, e para isto, este ensino deve ser significativo, deve marcar a memória de nossos alunos.

Por isso a Didática se faz tão importante, não basta apenas sabermos, temos de ter estratégias para ensinar, e reaprender cada dia com nossa prática, reavaliando cada momento para verificar se foi proveitoso e significativo para eles e elas, e para nós.

A entonação correta, o material escolhido adequadamente, o conteúdo, a postura, a linguagem, entre tantas coisas.“

“Se sempre nos acostumarmos a um alto nível, não nos conformaremos com mediocridade.”

Prof. Elias

Temos de valorizar nossa profissão de educadores (as), quando nós entregamos os pontos, nos deixando levar por uma série de desculpas corriqueiras, assumindo discursos depreciativos de nós mesmos, ou, colocando a culpa na escola ou alunos, vamos nos tornando pequenos, superestimando o tamanho do problema.

Sobre o Autor

Prof. Elias
Prof. Elias

Formado em Letras/Português e suas Literaturas pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro e em Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco. NeuroPsicopedagogo, Autor de livro e Professor de Projeto de Apoio Pedagógico há 12 anos.

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