Gêneros Discursivos, Tipologias Textuais e Suporte
Não devemos confundir gêneros discursivos com as tipologias textuais, nem com o suporte.
Enquanto os gêneros discursivos referem-se aos diferentes tipos de textos que encontramos em nossa vida cotidiana, as tipologias textuais dizem respeito aos modos como esses textos se organizam e se estruturam para transmitir uma mensagem. Já o suporte é o meio físico ou digital no qual o texto é veiculado, seja ele um livro, uma revista, uma tela de computador ou qualquer outra plataforma.
Na sequência, vou apresentar mais detalhadamente a diferença entre cada um desses elementos, a fim de compreendermos melhor seus “papéis” na comunicação escrita. Vamos lá!
Sumário
- O que são Gêneros Discursivos?
- Tipologias textuais
- Suporte dos gêneros discursivos
- Conclusão
- 7 Dicas de Como trabalhar com Gêneros Discursivos em sala de aula
- Referências:
O que são Gêneros Discursivos?
Podemos definir como gêneros discursivos as formas estáveis de enunciados, existindo em número quase ilimitado, sendo caracterizados por três elementos: conteúdo temático, construção composicional e estilo.
Conteúdo Temático
O conteúdo temático de um gênero discursivo refere-se ao assunto principal abordado no texto. Cada gênero discursivo possui um conjunto específico de temas ou tópicos que são característicos e recorrentes.
Por exemplo, em um artigo jornalístico, o conteúdo temático pode ser uma notícia atual, enquanto em um poema lírico, o conteúdo temático pode ser as emoções e experiências pessoais do poeta.
O conteúdo temático é essencial para definir o propósito e a mensagem do texto, influenciando diretamente a forma como ele é estruturado e apresentado.
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Construção Composicional
A construção composicional diz respeito à forma como o texto é organizado e estruturado para transmitir sua mensagem.
Cada gênero discursivo possui características composicionais distintas que determinam a sequência e a disposição dos elementos textuais.
Por exemplo, um ensaio argumentativo geralmente segue uma estrutura de introdução, desenvolvimento de argumentos e conclusão, enquanto um conto pode ter uma estrutura mais livre, com foco na narrativa e na progressão dos eventos.
A construção composicional é crucial para garantir a coesão e a coerência do texto, permitindo que o leitor acompanhe e compreenda a mensagem de forma eficaz.
Estilo
O estilo de um gênero discursivo refere-se às escolhas linguísticas e estilísticas utilizadas pelo autor para expressar sua mensagem.
Isso inclui o uso de vocabulário, figuras de linguagem, ritmo, tom e registro linguístico.
Cada gênero discursivo possui um estilo característico que reflete seu propósito comunicativo e seu público-alvo.
Por exemplo, um discurso político pode apresentar um estilo formal e persuasivo, enquanto uma conversa informal entre amigos pode ser mais descontraída e repleta de gírias e expressões coloquiais.
O estilo contribui para a identidade e a eficácia comunicativa do texto, influenciando a forma como ele é percebido e interpretado pelo leitor.
Tipologias textuais
Tipologia textual se trata da forma como um texto se apresenta dentro de uma estrutura fixa ou modelo
As tipologias textuais mais comuns são:
Narrativa
Possui narrador e conta um enredo que envolve espaço, tempo e os personagens. Exemplos: contos, romances, novelas, fábulas, crônicas, anedotas, poemas e lendas.
Descritiva
Descrição ou retrato escrito de lugares, objetos, pessoas, sentimentos, acontecimentos, etc. Exemplos: biografia e autobiografia, relatos, diários, notícias, currículos, cardápios, etc.
Dissertativa
Exposição de ideias, argumentações e opiniões. Exemplos: Dissertações, editoriais, artigos, carta aberta, manifestos, etc.
Expositiva
Exposição de pontos de vista, conceitos, conhecimentos e esclarecimentos. Exemplos: Reportagens, seminários, artigos científicos, fichamentos, etc.
Injuntiva
Ensina, passa instruções e indica como realizar uma ação. Exemplos: Bula de remédio, manuais, editais, etc.
Suporte dos gêneros discursivos
Suporte ou portador é onde se veicula, ou publica-se o gênero, podendo ser físico ou virtual. Exemplos: Blogs, sites, revistas, livros, embalagem, outdoor, folder, etc.
Conclusão
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são os norteadores do ensino nacional. Neles, é mencionado que o desenvolvimento da competência discursiva tem como unidade básica o texto, e, todo texto se enquadra dentro de determinado gênero, assumindo assim funções comunicativas, as quais geram usos sociais. Mas há muitas questões envolvendo texto e gênero.
Diante disso, é importante que, primeiramente, o (a) professor (a) conheça afundo essas diferenciações e semelhanças, para então montar seu Quadro Teórico de Referência, que servirá de base para que ele (ela) consiga realizar com eficiência o ensino de Língua Portuguesa através dos gêneros discursivos.
7 Dicas de Como trabalhar com Gêneros Discursivos em sala de aula
Dado o número extenso de gêneros criados em uma cultura, é preciso que o (a) professor (a) selecione quais deverão ser trabalhados, e isto deve ser pautado em critérios e conhecimentos teóricos.
Assim, algumas considerações deverão fazer parte desta escolha. Vejas estas 7 dicas abaixo:
- Trabalhar tanto com gêneros orais quanto com gêneros escritos;
- Observar a utilização que o aluno fará de cada gênero em sua vida;
- Trabalhar com os gêneros de ocorrência mais frequente e/ou constante na vida das pessoas;
- Trabalhar com textos tanto de uso privado, quanto com os de uso público;
- Optar por textos de gêneros que favoreçam a reflexão crítica, o exercício de formas de pensamento mais elaboradas e abstratas, bem como a fruição estética dos usos artísticos da linguagem;
- E por fim, trabalhar com tipos que entrem na constituição, se não de todos, da maioria dos gêneros.
- Também é importante salientar que os (as) estudantes devem conhecer os exemplares e os modelos verdadeiros de um gênero, para assim refletir sobre a estrutura composicional dos gêneros.
Porém, muitas vezes são apresentados distorções e estereótipos que não representam verdadeiramente o gênero, acrescentando ou retirando elementos.
Contudo, depois conhecer sobre a função social de cada um, levando o (a) aprendiz a produzir seu próprio discurso dentro do gênero apresentado, fazendo-o (a) refletir e realizar tarefas linguístico-discursivas, os estudantes podem assim adaptar o que aprenderam, adequando às necessidades do seu contexto social.
Sendo assim, o mais importante é estabelecer modos de levar os alunos e alunas a incorporar tais recursos em suas competências de produção e compreensão de textos.
Referências:
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. O que é um ensino de Língua Portuguesa centrado nos gêneros?. In Anais do SIELP. Volume 1, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2011. p. 509‐519. ISSN 2237‐8758.
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